Como funciona o Serviço Nacional de Saúde (NHS) no Reino Unido

O Serviço Nacional de Saúde, do inglês National Health Service (NHS), é a organização dos serviços públicos de saúde no Reino Unido, e surgiu na Grã-Bretanha, no ano de 1948. Em sua origem, era composto por 14 Autoridades Sanitárias Regionais e 3 Escritórios Provinciais – País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

O NHS baseia-se na premissa de que os cuidados médicos decorrem de sua necessidade, e não da capacidade de pagamento do indivíduo, portanto, seu financiamento vem do pagamento de impostos e orçamento nacional. O sistema provê cobertura universal baseado no princípio de equidade e integralidade, com algumas exceções (tratamento dental, oftalmológico e prescrição de medicamentos).

A organização do NHS mudou com o tempo. As premissas iniciais de atendimento do NHS foram: gratuitas no ponto de entrega, abrangentes, equitativas e iguais. Atualmente, o NHS está dividido em quatro unidades, dependendo do país constituinte do Reino Unido: NHS Inglaterra, NHS Escócia, NHS País de Gales e Health and Care NI (Irlanda do Norte).

Funcionamento do NHS

Os habitantes do Reino Unido precisam se registrar no General Practitioner (GP), uma espécie de centro de saúde, necessário para que possa se consultar com um médico da família, ou seja, um clínico geral que prestará os primeiros atendimentos. Sempre que for necessário realizar uma consulta que não seja de emergência, é o médico do GP que irá atender o paciente.

Já registrado, o paciente passa a ter um número de identificação e toma conhecimento do nome de sua farmácia local. Trata-se de um estabelecimento específico que quando necessário, o paciente poderá retirar os medicamentos gratuitamente, que porventura sejam receitados pelo seu médico. É importante ressaltar que nem todos os medicamentos são isentos de pagamento.

Cobertura

A partir do ano de 2005, houve uma reestruturação do NHS, que passou a ser responsável pelo atendimento de 99% da população por meio da organização de Grupos de Atenção Primária. Sua cobertura é segmentada em duas vias básicas de atendimento: o NHS Walk-in Centres, e o NHS Direct.

Fazem parte do NHS Walk-in Centres, centros de atendimento onde não é necessário agendamento, e ficam localizados em pontos de grande circulação pública, como supermercados e aeroportos, por exemplo.

Já o NHS Direct é um modelo de atendimento onde, por meio de uma linha telefônica operada por enfermeiras, os pacientes são encaminhados aos serviços apropriados quando necessário, sejam esses serviços primários ou secundários. A linha funciona 24 horas por dia fornecendo informações de saúde.

Ainda com relação a atenção básica, houve um complemento com a finalidade de realizar atendimentos ambulatoriais especializados e com procedimentos de alta complexidade. Esses atendimentos, realizados em hospitais, são delimitados por núcleos, sendo eles:

  • Care Trusts: instituições criadas em 2002 com o objetivo de desenvolver trabalhos entre os Serviços de Saúde e os Serviços Sociais.
  • Mental Health Trusts: serviços especializados em Saúde Mental.
  • NHS Trusts: instituições criadas para garantir qualidade na atenção e eficiência nos gastos de hospitais, os quais se dividem em gerais, especializados e universitários. Há uma exceção em caso de emergências, onde o encaminhamento aos hospitais deve ser realizado pelos GPs.
  • Ambulance Trusts: serviços de transporte de pacientes.

Orçamento e financiamento

O governo de cada país constituinte do Reino Unido decide o orçamento de saúde em sua jurisdição e recebe o valor correspondente do governo central. O financiamento dos gastos com saúde provém essencialmente do imposto, enquanto as contribuições sociais destinam-se ao pagamento de benefícios (aposentadoria, invalidez, desemprego e política familiar).

Privatização

Desde o nascimento do NHS, em 1948, o setor privado não deixou de existir e passou a coexistir com o setor público. O NHS passou por numerosos processos históricos de privatização desde a década de 1960. Na introdução do ensaio icônico O nascimento de uma contracultura, Theodore Roszak já enfatizou esta questão:

"Com o passar do tempo, o NHS terá que se desenvolver e se adaptar às necessidades de uma ordem industrial madura".

Desde 2017, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas para denunciar os problemas que ameaçam um dos sistemas de saúde mais prestigiados do mundo.

Entre a documentação histórica coletada pela imprensa britânica, destaca-se um relatório muito completo do escritor e crítico marxista britânico Richard Seymour (A short history of privatisation in the UK: 1979-2012), sobre a política de privatização de empresas na Grã-Bretanha, seus estágios e períodos.

Em 1948, o NHS foi o primeiro do mundo a oferecer um serviço de saúde completo, universal e gratuito. Alguns temem que essa grande conquista britânica esteja prestes a ser alterada em público pelas mãos do Partido Conservador (Reino Unido).

Em 2018, mais uma vez, no âmbito do 70º aniversário de sua criação, os protestos ocorreram novamente.

Satisfação pública por região e classe social

Uma pesquisa realizada em 2012 mostra que:

  • Cerca de 74% dos homens estão satisfeitos com a ação do NHS, comparado aos 65% de mulheres;
  • Os mais jovens e mais velhos se destacaram no quesito satisfação ao NHS: 75% dos indivíduos acima de 65 anos, e 75% dos indivíduos cuja idade gira em torno de 16-24 anos, comparado aos 65% daqueles com idade entre 35-45 anos;
  • E, por fim, em relação à classe social: 72% dos pertencentes às classes D e E se mostraram satisfeitos com o NHS, comparado aos 64% dos pertencentes às classes A e B.

Fonte: Canal Londres TV / Nexo Jornal / Wikipedia