O Óleo de Lorenzo (Lorenzo's Oil, 1992) é um filme de drama baseado em uma história real que retrata a luta da família Odone pela vida ao descobrir que seu filho, Lorenzo, possui uma doença degenerativa extremamente rara e incurável, a adrenoleucodistrofia (ALD).
Muitos filmes se propõe a contar histórias reais com diversos objetivos, mas o Óleo de Lorenzo sem dúvidas possuiu e possui até hoje um cunho de utilidade pública, pois a ALD não é uma doença tão conhecida, e naquela época menos ainda, tanto é que nem mesmo cura existia. O filme foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro original e melhor atriz (Susan Sarandon), sendo Susan também indicada ao Globo de Ouro.
Sobre o filme
A trama se passa na década de 80, e é mais precisamente em 1984 que conhecemos Lorenzo, um garoto aparentemente saudável e inteligente que com apenas 6 anos de idade já havia aprendido três idiomas. Entretanto, de uma hora para outra Lorenzo passa a ter um comportamento estranho. Após receber reclamações da escola e notar que em casa seu comportamento também mudou, os educadores acreditavam que Lorenzo fosse hiperativo, indicando até mesmo que o garoto continuasse seus estudos em uma "Classe Individual de Incapacidade". Um dia as coisas começam a piorar, é então que Lorenzo é levado para fazer exames neurológicos.
O resultado dos exames deixam Augusto e Michaela Odone, pais de Lorenzo, um tanto quanto confusos: o eletroencefalograma, o raio X e a tomografia computadorizada estão normais, ou seja, Lorenzo é neurologicamente perfeito. Lorenzo é submetido então a mais uma bateria de exames, chegando a passar três dias no hospital. Foi assim que chegou-se a um diagnóstico que apontava para o ramo de doenças chamadas leucodistrofias, e Lorenzo tinha uma delas: a ALD.
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Como o filme abordou o diagnóstico e o tratamento da doença?
Ao receber o diagnóstico, a família fica perplexa, pois nunca haviam ouvido falar em tal doença. O médico explica como funciona a doença da seguinte forma:
"A ALD é um defeito congênito no metabolismo que provoca a degeneração do cérebro. A doença só afeta o sexo masculino, normalmente entre os cinco e dez anos de idade. Sua evolução é implacável, e o fim é inevitável. A morte ocorre geralmente dentro de dois anos após o diagnóstico, sem exceções.
Lorenzo apresenta sinais definitivos: nível anormal de gordura no sangue, um ácido graxo de cadeia longa, responsável por destruir o cérebro. Há uma enzima que deveria metabolizar essas gorduras, mas nos portadores de ALD, tal enzima é deficiente acumulando-se nas células nervosas, como as obstruções nas artérias. Isso, de certa forma, liquefaz a substância branca do cérebro."
Neste momento, Michaela Odone pede para que o médico seja mais claro, é então que ele revela que ainda não tem certeza de como isso tudo funciona, e explica então o que é a mielina. "Mielina é a substância da membrana que isola os nervos, como o plástico que isola os fios elétricos. Sem ela os nervos não podem conduzir um impulso. O que a ALD faz é corroer essa substância, o que provoca degeneração do cérebro, fazendo com que o corpo perca as funções. O problema é que essa doença há 10 anos nem havia sido identificada, portanto é difícil entender o que ela é", afirma o médico.
Após o diagnóstico, outra revelação é feita aos Odone: a ALD é transmitida apenas pela mãe. Apesar de em outras doenças hereditárias a combinação de genes ser um fator forte, a ALD só é portada no cromossomo feminino, ou seja, ela passa de mãe para filho, sendo a mulher apenas a portadora.
Tratamento inicial
O primeiro tratamento proposto para Lorenzo seria uma dieta bem restrita, rica em ácido oleico. O ácido oleico, que também atende pelo nome de ômega 9, é uma gordura monoinsaturada que pode ser produzida pelo nosso corpo se ingerirmos quantidade suficiente de ômegas 3 e 6 - ácidos graxos essenciais (não produzidos pelo nosso organismo) que devem ser obtidos por meio da nossa alimentação (peixes, nozes, sementes e óleos).
Inicialmente a dieta de Lorenzo criou expectativas nos pais, que observaram uma queda na aceleração da doença, mas o resultado estagnava em 50%. Os pais de Lorenzo não se conformavam com a situação, e resolveram estudar o caso por conta própria. Augusto Odone dedicava horas do seu dia em pesquisas relacionadas à doença e ao organismo humano, e foi então que ele descobriu uma possível solução: a mistura do ácido oleico com o ácido erúcico.

Apesar da descoberta, o ácido erúcico já havia sido testado em ratos e constatou-se que o mesmo causava aos animais problemas cardíacos, o que poderia então não ser seguro para humanos. Augusto argumentou que o óleo erúcico era o principal componente do óleo de colza, consumido na China e na Índia, e mais uma vez iniciaram uma busca implacável por ajuda para que pudessem administrar de forma segura este componente à dieta de Lorenzo.
A fabricação do óleo de Lorenzo
Os Odone contataram cerca de 100 fabricantes para tentar ter seu óleo fabricado, mas como eles não eram médicos ou cientistas, não foram atendidos, até que entraram em contato com o escritório da Croda nos EUA. A Croda é uma empresa que cria, fabrica e vende especialidades químicas que proporcionam benefícios reais a uma variedade de produtos, incluindo saúde e beleza, lubrificantes de motores, plásticos e muito mais.
Os Croda eram os maiores produtores de ácido erúcico do mundo e o trabalho de Don Suddaby em óleos de peixe estava diretamente relacionado às altas concentrações exigidas para o tratamento. Ele concordou em ajudar a família Odone e começou a encontrar uma solução para formular um óleo a partir dos ácidos oleico e erúcico. Com trabalho árduo de até 16 horas por dia, em quatro meses Don tinha o óleo de Lorenzo. O óleo foi testado na irmã de Michaela e resultados milagrosos foram observados quando os ácidos graxo de cadeia longa desapareceram de suas células.
Don Suddaby foi um químico que trabalhava para a Croda International, na cidade de Hull, Reino Unido. Don foi convidado a interpretar a si mesmo no filme.
Desfecho da história
Ao término do filme, uma mensagem é deixada para quem está assistindo, juntamente com imagens e depoimentos de crianças que se beneficiaram com a descoberta da família Odone. Em resumo, a mensagem diz o seguinte:
"O filme foi concluído no final de 92 e até então médicos ao redor do mundo começaram a prescrever o óleo de Lorenzo. Em reconhecimento, Augusto Odone recebeu diploma honorário de medicina. Ele e Michaela continuam levantando fundos e atuando na força tarefa científica, conhecida como The Myelin Project.
Os testes em humanos estavam previstos para um ano depois, e muitas pessoas esperavam para receber os primeiros transplantes de células, sendo que um deles era o próprio Lorenzo. Com 14 anos de idade, Lorenzo pode mover a cabeça de lado a lado. Recuperou a visão e começou a vocalizar alguns sons. Está aprendendo a se comunicar através de um computador. E assim ele aguarda a próxima etapa."
A vida de Lorenzo depois do filme
A saúde de Lorenzo nunca mais foi a mesma, mas conseguiu viver quase um quarto de século com a doença. Lorenzo faleceu aos 30 anos em decorrência de uma pneumonia, que segundo seu pai, havia sido contraída ao aspirar acidentalmente alimentos para as vias respiratórias. Morreu no dia 30 de maio, em sua casa na Virgínia, um dia após seu aniversário.
A realidade por trás do filme
Apesar do fato de, na época, o casal Odone acreditar que o óleo seria a salvação de Lorenzo, a eficácia de tal tratamento só foi comprovada anos depois, e apenas quando o paciente é tratado de forma precoce, ou seja, antes do início dos sintomas neurológicos. Por esse motivo, atualmente é possível diagnosticar a ALD em testes de triagem neonatais.
Assim como mostrado no filme, os sintomas aparecem a partir dos cinco anos de idade, inicialmente com dificuldades de percepção auditiva e visual, sinais de insuficiência adrenal, perda de memória, dificuldades de fala e de marcha, irritabilidade crescente e dificuldades de relacionamento.
No que diz respeito ao tratamento, o transplante de células-tronco hematopoéticas, por exemplo, têm se mostrado eficaz nos casos que estão nos estágios iniciais dos sintomas cerebrais. O transplante de medula óssea costuma retardar a progressão da doença, mas encontrar um doador compatível é um processo lento e difícil, sem falar nos riscos que envolvem o procedimento.
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