A presença digital dos profissionais de saúde tornou-se inevitável em um cenário em que pacientes pesquisam sintomas, clínicas, procedimentos e avaliações antes de tomar qualquer decisão. Entretanto, ao contrário de outros segmentos, a publicidade médica possui normas éticas rigorosas determinadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelos Conselhos Regionais (CRM). Por isso, entender o que pode — e o que não pode — ser divulgado é essencial para garantir segurança jurídica, evitar infrações e construir uma reputação sólida e confiável.
O marketing médico não precisa ser tímido; ele precisa ser responsável. E o primeiro passo é compreender que o foco deve sempre estar na educação e na transparência, não na promessa de resultados ou na exploração de vulnerabilidades. Ao longo deste artigo, vamos esclarecer quais práticas são permitidas, quais são proibidas e como médicos e clínicas podem construir uma presença digital forte, ética e alinhada às exigências do CRM.
1. O que caracteriza o marketing médico realmente permitido?
A Resolução CFM nº 1.974/2011 estabelece que o marketing médico deve ter caráter informativo e educativo, sem sensacionalismo, autopromoção exagerada ou promessas implícitas. O objetivo é fornecer orientações baseadas em evidências científicas, preservando a autonomia e o bem-estar do paciente.
Em termos práticos, isso significa que o médico pode comunicar sua especialidade, apresentar sua formação e esclarecer dúvidas sobre doenças, sintomas, exames e procedimentos. Porém, o modo como essas informações são organizadas e divulgadas é determinante para que a publicidade seja considerada ética. A comunicação deve sempre evitar exageros e jamais induzir o paciente a acreditar em resultados garantidos.
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2. O que o médico pode divulgar de forma segura?
Existem elementos que fazem parte do marketing médico permitido e são altamente eficientes para construir autoridade. Eles devem ser usados de forma estratégica, mas sempre com uma abordagem técnica.
Os principais são:
- Formação e especialidade: especializações reconhecidas, número do RQE e certificações são informações autorizadas.
- Conteúdo educativo: posts que expliquem sintomas, tratamentos, diagnósticos, cuidados de rotina e orientações preventivas.
- Informações técnicas sobre procedimentos: descrição de indicações, contraindicações, riscos e cuidados, sempre sem promessas.
- Fotos do consultório e da rotina profissional: imagens do ambiente, da equipe e do dia a dia da clínica, desde que não sejam usadas como peça de venda.
- Depoimentos autorizados: permitidos quando não mencionam resultados estéticos e possuem autorização formal.
Esse conjunto cria uma presença digital ética, relevante e alinhada às normas de publicidade médica.

3. O que é proibido pelo CRM e por quê?
A publicidade médica possui restrições justamente para evitar a exploração emocional do paciente e a distorção de expectativas. As proibições se concentram em elementos que possam sugerir benefícios garantidos ou estimular comparações entre resultados.
Os principais pontos proibidos são:
- Imagens comparativas (antes e depois): consideradas uma das maiores infrações éticas.
- Promessas de resultados: qualquer frase que sugira garantia de cura ou eficácia.
- Linguagem sensacionalista: expressões que exagerem benefícios ou induzam medo.
- Divulgação de preços ou promoções: a medicina não pode ser comercializada como produto.
- Promoção de marcas de cosméticos, equipamentos ou medicamentos: o médico não pode atuar como garoto-propaganda.
A intenção é impedir que o paciente tome decisões baseadas em expectativas irreais.
4. A grande polêmica: fotos de resultados podem ou não podem?
Este é o ponto que mais gera dúvidas, inclusive entre profissionais experientes. Para entender o que é permitido, é preciso separar claramente dois tipos de imagens: estéticas e clínicas.
4.1 Antes e depois: totalmente proibido
Qualquer formato que mostre dois momentos distintos de um procedimento é proibido. Isso inclui montagens, colagens, carrosséis, vídeos comparativos e até fotos feitas em ângulos diferentes que sugiram evolução. A simples comparação entre dois estados já induz o paciente a imaginar que obterá um resultado similar, mesmo que o médico não declare nada.
A proibição é ampla e categórica: não há exceções.

4.2 Postar apenas o resultado final é permitido? Depende.
Aqui está o ponto mais mal interpretado no marketing médico. A interpretação ética considera o impacto da imagem sobre o público.
Quando o conteúdo envolve resultado estético, como lábios preenchidos, nariz remodelado, pele pós-laser ou contorno corporal, a imagem isolada também é proibida. Mesmo sem o “antes”, a foto sugere transformação e cria expectativa. Visualmente, ela comunica o efeito do procedimento, o que o CRM entende como promessa implícita.
Por outro lado, existem imagens que podem ser divulgadas sem problemas quando a intenção é educativa e clínica, não estética. É o caso de radiografias, exames, ultrassons, lesões dermatológicas e registros utilizados para explicar patologias. Essas imagens não têm objetivo comercial e servem para contextualizar informações médicas, não para atrair pacientes por transformação física.
Para não ter dúvida:
se a imagem induz comparação estética, é proibida;
se a imagem ensina, explica ou contextualiza uma condição clínica, pode ser permitida.
5. Por que vemos tantos médicos postando antes e depois, mesmo sendo proibido?
A prática é comum porque, em muitos estados, a fiscalização não é uniforme. Além disso, alguns profissionais desconhecem as normas, enquanto outros optam por assumir o risco diante da alta demanda por resultados estéticos nas redes. Contudo, isso não torna a prática permitida. O CRM é claro e, quando acionado, costuma agir com rigor.
O uso de antes e depois já motivou advertências, aberturas de sindicâncias, processos éticos e até suspensões. A frequência da infração não reduz a responsabilidade legal.
6. Como fazer marketing médico de forma ética e eficiente?
Mesmo com restrições, o marketing médico pode ser altamente estratégico e gerar excelentes resultados sem risco ético. A chave é adotar uma comunicação que valorize a orientação, a clareza científica e a humanização.

Algumas abordagens eficazes incluem:
- Produção de conteúdos educativos consistentes: artigos, posts e explicações técnicas aumentam a autoridade do médico.
- SEO focado em qualidade: conteúdo bem escrito pode ranquear organicamente e atrair pacientes qualificados.
- Publicações institucionais: mostrar bastidores, equipe, rotinas e participação em congressos cria conexão humana sem comprometer a ética.
- Explicação detalhada de procedimentos: sem promessas, mas com foco em critérios clínicos.
- Anúncios pagos com responsabilidade: é possível anunciar desde que não haja apelos estéticos ou mensagens proibidas.
Esse conjunto reforça a credibilidade do profissional e constrói uma imagem sólida no longo prazo.
7. Como evitar riscos em publicações da clínica?
Antes de qualquer postagem, vale aplicar três perguntas simples:
- A imagem sugere transformação estética?
- A legenda induz expectativa de melhora ou resultado?
- O conteúdo pode ser interpretado como promoção ou promessa?
Se qualquer resposta for positiva, o ideal é descartar a publicação. A responsabilidade ética deve sempre prevalecer, principalmente em plataformas onde o público está vulnerável à comparação e ao apelo visual.

O marketing médico permitido pelo CRM não é limitado; é estruturado. Ele garante que a comunicação dos profissionais de saúde seja ética, informativa e focada no bem-estar do paciente. Ao evitar comparações, promessas e resultados estéticos, o médico preserva sua reputação e reforça a confiança do público.
O caminho mais seguro é sempre o mesmo: informar, orientar e educar. Clínicas que optam por estratégias éticas constroem relacionamentos duradouros, fortalecem sua imagem e se destacam pela responsabilidade.
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