O uso irracional de medicamentos é um grande problema em todo o mundo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada. Além disso, uma pesquisa também revela que metade dos pacientes não faz o uso correto de tais medicamentos.
No Brasil, a data de 05 de maio foi instituída como o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos e tem por finalidade de alertar a população com relação aos riscos à saúde causados pela automedicação. Essa campanha surgiu há mais de 20 anos, mais precisamente em 1999, e partiu da iniciativa de estudantes de Farmácia que observaram a necessidade de orientar a população sobre o uso racional de medicamentos.
Apesar de a campanha ter sido oficializada em 1999, foi no ano de 1997 que o movimento teve início, durante a realização do XX Encontro Nacional de Estudantes de Farmácia (ENEF), realizado em Recife (PE). Um ano depois, veio à tona um escândalo que viria a dar origem ao material pedagógico cujo seu tema foi: "Medicamentos: uso correto proteja-se da falsificação".
O tal escândalo tratava-se das "pílulas de farinha", caso em que um lote de anticoncepcionais chega ao mercado sem seu princípio ativo. O laboratório responsável pelo medicamento em questão virou notícia ao vir a público a informação de que mulheres haviam engravidado enquanto tomavam o anticoncepcional distribuído por eles. Lotes lançados pela empresa no mercado entre janeiro e abril de 1998 eram, na realidade, pílulas de farinha.
No ano de 1999, diretamente da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) foi confeccionado e desenvolvido o material que seria utilizado na primeira campanha nacional. Foi aprovado em plenária final do XXII ENEF que a campanha seria realizada anualmente, mantendo a data de 05 de maio.
Antes de continuarmos, precisamos saber: você já utiliza um software médico para realizar seus atendimentos na clínica? Convidamos você a conhecer o Ninsaúde Apolo, software online que pode ser utilizado em um tablet, smartphone ou da forma tradicional, em computadores. Saiba mais em nosso site apolo.app.
O uso excessivo, subutilizado ou incorreto de medicamentos resulta no desperdício de recursos escassos e riscos generalizados para a saúde. Exemplos de uso irracional de medicamentos incluem:
- uso de muitos medicamentos por paciente ("polifarmácia");
- uso inadequado de antimicrobianos, muitas vezes em dosagem inadequada, para infecções não bacterianas;
- uso excessivo de injeções quando as formulações orais seriam mais apropriadas;
- falha em prescrever de acordo com as diretrizes clínicas;
- Automedicação inadequada, muitas vezes de medicamentos que devem ser utilizados só com receita;
- não adesão aos regimes de dosagem.
Não é à toa que em países como a Holanda por exemplo, os médicos não possuem o hábito de receitar grandes doses de medicamentos aos pacientes. Como comentado em nosso artigo sobre "Como funciona o sistema de saúde na Holanda", curiosamente o medicamento mais receitado pelos médicos é o Paracetamol.
Ainda sobre a Holanda, na maioria das vezes o profissional de saúde sugere que o paciente fique em repouso, pois eles acreditam que o corpo possui a capacidade de cura sem medicamentos. Para se ter uma ideia, medicamentos que no Brasil são vendidos para qualquer pessoa, na Holanda é necessário possuir uma receita médica, como é o caso dos anticoncepcionais. Neste sentido, o uso racional de medicamentos não diz respeito apenas aos consumidores, mas também aos farmacêuticos e profissionais de saúde.
É importante desenvolver diretrizes nacionais de tratamento padrão, listas de medicamentos essenciais, programas educacionais e outros mecanismos eficazes para promover o uso racional de medicamentos por profissionais de saúde, bem como estabelecer sistemas eficazes de informação sobre medicamentos para fornecer informações ao público em geral e para melhorar o uso dos medicamentos pelos consumidores.
Fonte: World Health Organization | Conselho Federal de Farmácia