Na área da medicina, em especial quando se trata de marketing médico, existem diversas regras que são impostas pelo CFM - Conselho Federal de Medicina, e que devem ser seguidas rigorosamente. Uma das regras, inclusive, diz respeito ao ato de ofertar desconto aos pacientes. Mas afinal, essa é uma prática legal? Descubra agora.

Indo direto ao ponto, a prática de oferecer descontos é sim proibida, entretanto essa proibição diz respeito à ações de marketing e publicidade, bem como na exposição na imprensa ao médico ou aos seus serviços. Isso significa que em hipótese alguma o médico poderá conceder descontos como forma de atrair pacientes. Segundo a Resolução CFM 1974/11, é proibido divulgar preços de procedimentos, modalidades aceitas de pagamento/parcelamento ou eventuais concessões de descontos como forma de estabelecer diferencial na qualidade dos serviços.

É por este motivo que profissionais de saúde não podem realizar promoções de Black Friday, por exemplo. A Black Friday é uma data em que são feitas diversas promoções dando início à temporada de natal, portanto acontece apenas uma vez ao ano. A tradição se iniciou há muitos anos nos Estados Unidos e acontece exatamente um dia após o feriado de Ação de Graças, mas atualmente outros países são adeptos da promoção, inclusive o Brasil. Seguindo a lógica de que a Black Friday tem por objetivo alavancar vendas, ela não pode ser utilizada na área da saúde. O motivo para tal é que esse tipo de conduta é considerada antiética, sendo que a relação entre médico e paciente deve se pautar na assistência à saúde, e não na venda de serviços.

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Por outro lado, não é proibido conceder desconto em certas ocasiões, ou caso o paciente solicitar. Mas este desconto deve ser pré-definido, havendo assim uma política de descontos. Por exemplo, se você acha interessante dar desconto a colegas de profissão ou a familiares mais próximos (pai, mãe, irmãos, etc.), você pode criar uma tabela e estipular o valor de desconto concedido para cada tipo de situação. Esta prática evita que sua secretária, por exemplo, fique sem saber exatamente o que fazer no momento da cobrança, evitando também que se gere um desconforto de ambas as partes em tal situação.

É importante saber que existem diversos tipos de desconto, e alguns deles são concedidos por convênios de saúde nos quais o profissional de saúde deve estar credenciado. Dessa forma, o desconto será aplicado a todo paciente que possuir uma carteirinha daquele convênio e futuramente alguns valores serão repassados à clínica. Neste caso, quem está cobrindo o desconto é o próprio convênio, portanto não há com o que se preocupar.  

Quando se trata de um desconto dado diretamente pelo profissional de saúde, a secretária ou recepcionista que ficar responsável pelo recebimento deve estar a par de todas as situações onde um desconto pode ser aplicado, bem como as situações em você não deseja aplicar descontos. Por este motivo, ao criar uma política de descontos, é necessário analisar e pensar em todas as possibilidades e deixar tudo registrado. Por exemplo, digamos que você ofereça 20% de desconto para um colega de profissão em determinado procedimento, mas oferece 30% a um familiar que realizar o mesmo procedimento. A secretária precisa saber que há essa diferença, por isso é tão importante o registro para que não haja falhas.

Além de elaborar uma tabela para tal registro, algo ainda mais prático neste tipo de situação é a utilização de um software de gestão. Vamos tomar como exemplo o Ninsaúde Apolo, software médico com diversas funcionalidades, entre elas agendamento e financeiro. No software você poderá cadastrar os serviços ofertados em sua clínica ou consultório, e estes serviços poderão ter diversas valorizações. O software permite isto justamente por conta das valorizações por convênio, pois para cada convênio o valor da consulta será diferente. Criando um convênio fictício com o nome de cada modalidade de desconto, ao fazer a recepção do paciente (que deverá estar registrada na agenda) o próprio sistema aplica o desconto, conforme as valorizações aplicadas em suas configurações.

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Oferecer descontos pode não parecer algo tão negativo, mas a grande verdade é que esse ato pode ter algumas desvantagens para o profissional de saúde. Para que isso não ocorra, primeiramente é necessário haver um bom controle financeiro e saber exatamente qual a sua margem de lucro em cada tipo de atendimento, para assim, não extrapolar nos descontos. O desconto quando mal aplicado, pode trazer benefícios apenas para a pessoa que o solicitou, acarretando em perdas para o profissional. Isso acontece pois, dependendo do valor cobrado, você poderá estar "pagando" para atender aquela pessoa, ou seja: você estará consumindo energia elétrica, tempo, utilizando seus materiais e o serviço de colaboradores, mas sem lucro algum e muitas vezes até saindo no prejuízo.

Existe um outro ponto negativo em dar descontos muito altos, e este está relacionado à sua reputação, mais precisamente diante de um feedback de uma pessoa que recebe tal desconto. Você certamente já ouviu alguém dizer que quando algo custa menos, o preço baixo está atrelado ao fato de possuir menos valor, certo? Não é a toa que muitos usam a máxima de que "quanto mais caro, melhor o resultado". O problema é quando essa frase é aplicada ao seu serviço. Sendo assim, caso o paciente não fique satisfeito com o atendimento ou procedimento realizado, ele pode atribuir a qualidade do serviço ao preço que foi pago, mesmo sabendo que houve um desconto. Pode até mesmo passar pela cabeça do paciente que o mesmo foi atendido de má vontade devido ao baixo ou nenhum lucro que o profissional irá obter, e é por mais este motivo que os descontos acabam se tornando vilões do seu trabalho.

Diante destas situações todas, avalie quais são os prós e contras ao dar desconto em suas consultas, e oriente sua secretária para que ela possa lidar com certas situações da forma mais correta. Quando um paciente pergunta se há algum desconto, caso não faça parte de sua política, basta responder de forma objetiva e com jeitinho, e com certeza ele irá entender.

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